Imensamente incompreensivas | Immensely uncomprehending
«À pedra não coube partilhar a respiração. E passa bem sem ela. Mais que outra coisa, é a gravitação que diz respeito à pedra. Quanto a ti, é dos “outros” que precisas. Uma quantidade de outros. Considera consequentemente, com discriminação os que contigo estão na terra, tratando as rochas de uma certa maneira, as plantas, a madeira, os vermes, os micróbios, de outra, talqualmente os homens e os animais a quem dispensarás diverso tratamento, sem jamais te confundires com uns e outros, sobretudo com essas criaturas a quem a palavra foi dada principalmente, ao que parece, para se misturarem no maior número no meio do qual, julgando compreender e ser compreendidas, ainda que custosamente compreendidas e imensamente incompreensivas, sentem-se à vontade, joviais, dilatadas.» Henri Michaux, Poteaux d'angle, trad. Natália Correia | «The stone did not receive breathing as its share. It can do without. It is mainly gravitation it has to deal with. As for you, it is much more the “others” you will have to deal with, many others. Consider then your companions here with discrimination, treating the rocks in one way, the woods, plants, vermin, microbes in another, animals and men in yet another, without ever mistaking yourself for either of them, especially for those creatures to which the word seems to have been given mainly so they could be able to meddle in the greatest number, in which, trusting they comprehend and are comprehended, although barely comprehended and immensely uncompreending, they feel at ease, merry, inflated.» |