Ao pé da letra #27 (António Guerreiro) «Engenheiros, filósofos e a barragem como destino Mira Amaral, ministro da Indústria dos governos de Cavaco Silva, garante que um dia será construída a barragem de Foz Côa, inevitavelmente, e por exigência das próprias populações, pondo-se assim fim à “fantochada de um grupo de paleolíticos”. Tal certeza, dir-se-á, tem um fundamento empírico. Eu prefiro pensar que Mira Amaral não se baseia na experiência e no saber de engenheiro, mas nas suas leituras de Heidegger, onde aprendeu que a “questão da técnica” é a de um destino ao qual não se pode deixar de obedecer. | Mira Amaral não é um engenheiro visionário; é um leitor de Heidegger que sabe muito bem que a técnica moderna tem um papel impositivo e provocante. Mas, ao contrário do filósofo, não está nada preocupado com o nihilismo dessa redução da natureza ao calculável e ao manipulável. Se em vez de Côa fosse o Reno, o engenheiro acharia que o hino de Hölderlin (“Der Rhein”) era uma manifestação paleolítica, uma nostalgia reactiva pelo mundo da “poiesis” grega. E pensaria que é preciso considerar como ampla visão o que Oswald Spengler entendia como redução: “Não podemos olhar uma cascata sem a transformarmos mentalmente em energia eléctrica.”» António Guerreiro, «Ao pé da letra», Expresso-Actual, 6.12.2008. |
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