Louvor ao estilo, II
« O estilo, essa conveniência em instalar-se e em instalar o mundo, seria o homem? Essa suspeita aquisição que, ao escritor que dela goza, se felicita? O seu pretenso dom vai colar-se-lhe, esclerosando-o surdamente. Estilo: sinal (mau) da distância inalterada (mas quem podia, deveria ter mudado), a distância onde ao engano permanece e se mantém frente ao seu ser e às coisas e às pessoas. Bloqueado! Precipitou-se no seu estilo (ou tinha-o procurado laboriosamente). Por uma vida emprestada, deixou a sua totalidade, a sua possibilidade de mudança, de mutação. Nada de que se orgulhar. Estilo que se tornará falta de coragem, falta de abertura, de reabertura: em suma, uma enfermidade.
Trata de escapar-lhe. Vai suficientemente longe em ti para que o teu estilo não te possa seguir. »
Henri Michaux, Poteaux d'angle, Gallimard, Paris, 1980, p. 33.
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