Sobre o involuntarismo de esquerda (André Dias) Com a 11ª das suas Teses sobre Feuerbach – «Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo» –, Marx produziu a fórmula infinitamente glosada do voluntarismo de esquerda, que sobrevive ainda nas mais heterodoxas reformulações do marxismo. O lugar comum “transformar a realidade é possível” é o enunciado elucidativo deste programa voluntarista, na medida em que nele se denuncia a predeterminação da acção como plano ou em função de uma meta. Foi o malogrado François Zourabichvili, naquele que é porventura o mais brilhante ensaio sobre a filosofia de Gilles Deleuze, que entreviu a força inaudita do involuntarismo político de esquerda. Este assenta numa profunda e persistente divergência sobre o esquema de actualização, em que o possível, cuja realização se toma como esgotada, tem de ser concebido diferentemente como algo a criar. | É nalgumas das melhores expressões cinematográficas do pensamento que encontramos esta impossibilidade de antecipação. Desde a matricial obra de Samuel Fuller, no cruzamento histórico do seu aparente reaccionarismo político com a apreensão formal pela cinefilia, passando pelo revolucionário traidor em fuga de TERRA EM TRANSE de Glauber Rocha, à cegueira ideológica sobre a expressão inédita da pobreza na TRILOGY de Bill Douglas ou ao “Homem da enxada” não integrável politicamente em TORRE BELA, e culminando nas novas figuras políticas criadas por Pedro Costa, o cinema, para quem quis ver, esteve sempre perto das limitações do voluntarismo de esquerda. Conferência Internacional Karl Marx Sáb, dia 15, 16h30 – Painel 21: Representando a Emancipação: o Comunismo nas Artes com Luís Trindade Representar o comunismo e José Filipe Costa O cinema do fazer acontecer Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Auditório 2, 3º andar, Torre nova Avenida de Berna 26 C, Lisboa |
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