No nada podemos mostrar tudo
« O que me agradava no documentário que se torna ficção, nessa chávena de café... Lembro-me de como foi filmada: colocámo-nos diante da chávena de café, eu mexi-a e então o Coutard [director de fotografia] dizia: "Não vejo nada, não vejo nada, não se passa nada", aquilo mexia e mesmo assim ainda durou dez minutos; depois, a dado momento, não havia mais nada... E então, nesse momento de que gosto tanto, a partir de uma chávena de café, vimos o mundo desfazer-se e depois, de repente, o mundo criou-se de novo, de repente imóvel... Havia coisas que se passavam, e é nisso que tudo é interessante; é possível fazer um filme com nada, porque no nada podemos mostrar tudo.»
Jean-Luc Godard sobre 2 ou 3 choses que je sais d'elle (1967)
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