Ainda não começámos a pensar
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 Cinema e pensamento | On cinema and thought                                                                              @ André Dias

Terra em transe


Paulo Martins (Jardel Filho) e Sara (Glauce Rocha) em
Terra em transe (1967) de Glauber Rocha

2ª, dia 6, 21h30 - Cinemateca

«não conseguiu firmar o nobre pacto
entre o cosmo sangrento e a alma pura
: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
gladiador defunto, mas intacto
(tanta violência, mas tanta ternura)

_________________Mario Faustino»

O nobre pacto, eis o que assoma logo de início, como que a avisar, neste filme, preferido de entre todos, pelo excesso que passa tão rente, por insuportavelmente belo, grotesco por não ceder um pouco que seja ao desacordado, à inconsciência permissiva, por não permitir qualquer desapego, nenhuma protecção mútua, e nos arrastar sempre à beira, passando a beira que serve de limite, e já suspenso onde nada se sustém, nos trazer as forças do lado que está para lá, para as colocar aqui, sem compaixão, junto a nós, e que sempre me parte deste lado do coração, não da cabeça, se isto quer dizer alguma coisa, precisamente por nada deixar inconsciente, mais ainda, nada deixar por acolher.

4 comentários:

Anónimo disse...

Mais do que esses excessos operáticos, o que deixa qualquer um boquiaberto é a modernidade que Terra em transe respira (e transpira). Muito bom.

André Dias disse...

escrevi apenas sobre o excesso, que tem muitas formas (não apenas a operática)... talvez a nossa questão devesse antes ser a de descobrir um exercício físico, material, técnico, descritivo que nos fizesse “transpirar” modernidade. sem essa declinação, “modernidade” não quer dizer nada... (não é bem “qualquer um” que fica boquiaberto, pois havia pessoas a dormir na sala. estavam no seu direito. alguém dizia que só nos bons filmes se consegue dormir).

Hugo disse...

Sim, de facto, houviam-se uns quantos barulhos de fundo. Começa a ser um hábito. Já no Prima della Rivoluzione me aconteceu o mesmo :(

Estão no seu direito, é certo, mas que incomoda quem quer ver o filme, lá isso incomoda...

Anónimo disse...

perfeito!


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