Terra em transe
Paulo Martins (Jardel Filho) e Sara (Glauce Rocha) em
Terra em transe (1967) de Glauber Rocha
2ª, dia 6, 21h30 - Cinemateca
«não conseguiu firmar o nobre pacto
entre o cosmo sangrento e a alma pura
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gladiador defunto, mas intacto
(tanta violência, mas tanta ternura)
_________________Mario Faustino»
O nobre pacto, eis o que assoma logo de início, como que a avisar, neste filme, preferido de entre todos, pelo excesso que passa tão rente, por insuportavelmente belo, grotesco por não ceder um pouco que seja ao desacordado, à inconsciência permissiva, por não permitir qualquer desapego, nenhuma protecção mútua, e nos arrastar sempre à beira, passando a beira que serve de limite, e já suspenso onde nada se sustém, nos trazer as forças do lado que está para lá, para as colocar aqui, sem compaixão, junto a nós, e que sempre me parte deste lado do coração, não da cabeça, se isto quer dizer alguma coisa, precisamente por nada deixar inconsciente, mais ainda, nada deixar por acolher.
(ver também «Não me causam os crepúsculos...»)
4 comentários:
Mais do que esses excessos operáticos, o que deixa qualquer um boquiaberto é a modernidade que Terra em transe respira (e transpira). Muito bom.
escrevi apenas sobre o excesso, que tem muitas formas (não apenas a operática)... talvez a nossa questão devesse antes ser a de descobrir um exercício físico, material, técnico, descritivo que nos fizesse “transpirar” modernidade. sem essa declinação, “modernidade” não quer dizer nada... (não é bem “qualquer um” que fica boquiaberto, pois havia pessoas a dormir na sala. estavam no seu direito. alguém dizia que só nos bons filmes se consegue dormir).
Sim, de facto, houviam-se uns quantos barulhos de fundo. Começa a ser um hábito. Já no Prima della Rivoluzione me aconteceu o mesmo :(
Estão no seu direito, é certo, mas que incomoda quem quer ver o filme, lá isso incomoda...
perfeito!
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