Ao pé da letra #82 (António Guerreiro) «Sobre os significantes vazios do discurso político | |
Se tentarmos escutar com atenção e com uma disposição analítica o discurso político em que estamos envolvidos, verificamos facilmente que chegámos a um limite em que tudo gira em torno de significantes vazios. ‘Democracia’ é o exemplo extremo desse esvaziamento, até pelo consenso quase universal que em torno dela se organizou. Mas “asfixia democrática” também não significa nada e tem a desvantagem de querer denunciar as formas de controlo mais grosseiras, que são também as mais inócuas. Para onde quer que nos viremos, ouvindo à Esquerda ou à Direita, não há um único discurso que não advenha do lugar de uma democracia gestionária. | Talvez seja útil perceber que uma genealogia da ideia de democracia (como aquela que fez o filósofo Giorgio Agamben) nos obriga a ter em conta a ambiguidade do conceito, o seu duplo aspecto: por um lado, ele designa uma ‘forma de constituição’, isto é, uma racionalidade política, mas, por outro, designa também uma ‘forma de governo’, isto é, uma racionalidade económico-gestionária. Esta última triunfou em toda a linha e por isso até já esquecemos que o ‘ingovernável’ não é o caos. É onde acaba a gestão e começa a política.» António Guerreiro, «Ao pé da letra», Expresso-Actual, 13.2.2010. |
Ainda não começámos a pensar
We have yet to start thinking
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