Ao pé da letra #79 (António Guerreiro) «Sobre a alta velocidade e a pequena burguesia | |
Quando um ministro diz que, graças ao TGV, Lisboa pode tornar-se a praia de Madrid, as suas palavras têm o poder de nos fazer lembrar três figuras que um filósofo italiano, comentando a teoria do carisma de Max Weber, eleva a categorias: o demagogo, o imbecil instintivo e o palhaço carismático. Mas mais importante do que projectar tais palavras em quaisquer categorias é percebermos que a política pertence hoje inteiramente àqueles que se convencem daquilo que dizem. É aí que reside todo o segredo do discurso político. | Mas as palavras deste ministro ilustram também outra coisa: que, no horizonte dos governantes, o único modelo de classe que existe (ou em que todos se devem transformar) é precisamente uma classe que não chega a sê-lo: a pequena burguesia universal, cujas bases materiais de existência assentam num modelo de vida que se manifesta em duas dimensões: o consumo e o tempo livre. Lisboa como praia de Madrid, Caparica como praia de Lisboa: trata-se sempre do mesmo tropismo – marítimo e litoral – que define o movimento de alta velocidade de uma massa que nunca gozará do luxo da lentidão.» António Guerreiro, «Ao pé da letra», Expresso-Actual, 23.1.2010. |
Ainda não começámos a pensar
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