In memoriam João Bénard da Costa
«Assim que alguém se apercebe que escrevi sobre cinema começo imediatamente a receber uma lição sobre o que é o cinema. Há algo no cinema que torna insuportável às pessoas não se considerarem elas próprias especialistas nele. Numa destas noites, numa recepção, disseram-me: “É importante definir o que o cinema pode fazer que mais nenhuma arte pode”. Eu disse que concordava. O meu informador continuou: “O cinema é visual”. Mas o ano passado assisti a uma concorrida conferência de um afamado académico de cinema cujo substrato era que o cinema é uma coisa do passado, e que o interessante agora é o visual em si mesmo. Tomo isto como indicação de que os especialistas de cinema acham insuportável não serem não-especialistas.» | «As soon as somebody learns that I’ve written about film I immediately start getting a lecture about what film is. There is something about film that makes it unberable for people not to consider themselves experts about it. At a reception the other evening I was told, “It is important to define what film can do that no other art can do” I said I agreed. My informant went on: “Film is visual.” But last year I attended a crowded lecture by a renowned scholar of film the burden of which was that film is a thing of the past, and that what is of interest now is the visual as such. I take this to indicate that experts about film find it unberable not to be inexpert.» Stanley Cavell in conversation with Andrew Klevan, «What Becomes of Thinking on Film?» in Film as Philosophy, Palgrave Macmillan, 2005, p. 197. |
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