«Certa aranha faz todas as manhãs na natureza e em qualquer lugar que a isso se preste uma teia admiravelmente regular. Depois da ingestão de um extracto de cogumelo alucinogénico que por argúcia lhe fizeram tomar – começa uma teia na qual a pouco e pouco as espiras já não se seguem umas às outras mas avançam de esguelha, e ainda mais quando a quantidade absorvida é mais considerável: uma teia de louca. As partes abatem-se, enrolam-se, Zygiella notata, de seu nome, não pára antes de ter obtido a dimensão habitual, mas tornada incapaz de seguir o seu plano, um plano que contudo não data de ontem, mas de há dezenas ou centenas de séculos, passando intacto e perfeito de mãe para filha, comete erros, reduplicações, além deixa buracos, ela, tão cuidadosa, e não repara. | As últimas espiras são um balbuciamento, uma vertigem, é como se tivesse tido um desvanecimento. Obra em ruína, falhada, humana. Aranha tão próxima agora de ti. Nada sobre a droga exprimiu mais exactamente, mais directamente, a perturbação dos encavalitamentos. Como uma irmã, observa as suas ruínas em fio. Mas que viu ela então, Zygiella?» Henri Michaux, Poteaux d'angle, Gallimard, Paris, 1980, pp. 65-66. para a Margarida, tradutora |
Ainda não começámos a pensar
We have yet to start thinking
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