Mise en abîme #4: Filmes-problema
Segundo excerto da entrevista a Christian Petzold.
André Dias – Afirmou que não gostava de filmes-problema. O que quer dizer? Não deseja que as pessoas extraiam problemas dos filmes? Ou não percebe como podem as pessoas usar os filmes para pensar? | Christian Petzold – Do que não gosto são de problemas que antecedem os filmes. Tal como não gosto do mesmo em literatura. Gosto que tenham um tema, mas que durante a escrita se perceba que esse tema está a conquistar a sua estrutura, arquitectura e autonomia, e que o escritor se está a perder. Nos bons filmes vê-se a luta do filme para perder o seu controlo. Nos maus filmes vê-se tudo o que o produtor e o realizador queriam, as ideias realizadas. Por isso é que os westerns e os filmes policiais americanos, mesmo aqueles com final feliz e estruturas de género, são tão complexos. Mais complexos que os filmes alemães dos anos setenta, nada complicados; há o pai nazi e por aí em diante. Odeio este tipo de problemas, quando as imagens são apenas substitutos das palavras, ilustrações. |
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