Ainda não começámos a pensar
                                               We have yet to start thinking
 Cinema e pensamento | On cinema and thought                                                                              @ André Dias

Oliveira, o intuitivo


Os canibais (1988) de Manoel de Oliveira

« As minhas planificações são sempre muito elaboradas. (...) Filmámos em play-back, mas após uma longa fase de ensaios. Na rodagem, no entanto, o que conta é o concreto. Os objectos presentes no cenário, os gestos dos actores sugerem-me outros planos. A representação dos actores é essencial para mim, porque eles tentam muitas vezes fazer entrar o espectador com eles no enquadramento. É preciso que um filme se complete pelo olhar do público, como quando se pousa o olhar sobre uma pintura. (...) E na montagem estive muito presente. É uma fase que me permite apurar ainda mais. Essa tarimba, adquiri-a graças aos filmes que não realizei. Nesses longos períodos de abstinência pude, em contrapartida, reflectir muito sobre o cinema. (...) Compreendi então quais devem ser as experiências do cinema. »

Manoel de Oliveira, citado por M. S. Fonseca, na Folha d'Os canibais, Cinemateca Portuguesa; cf. também as interessantes observações de Serge Daney, aqui.

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