Ao pé da letra #87 (António Guerreiro)
Sobre uma figura nova, sexo-criminal: o pedófilo | |
«Numa recente crónica no Público, a propósito dos casos de pedofilia que estão a pôr a Igreja Católica em causa, Paulo Varela Gomes sublinhava esta verdade elementar: é uma constante a utilização sexual das crianças em seminários, internatos, orfanatos, etc. Novo é só o facto de se ter começado a falar nisso. Como é que se iniciou recentemente esta “vontade de saber”? Os factos começaram a vir à luz do dia, porque se construiu uma figura nova, sexo-penal, que não existia: o pedófilo. Dito de outra maneira, assistimos nestes últimos anos à criminalização e à absoluta rejeição moral de uma prática sexual que antes não era objecto de nomeação e criámos a partir dela uma tipologia de indivíduos que não existia. | Algo que se tornou entretanto repugnante podia, até há pouco tempo, ser descrito como belo e virtuoso. Leia-se um livro editado em França, em 1980, de um escritor já morto, chamado Tony Duvert (L'enfant au masculin, na mais que respeitável editora Minuit), para perceber que aquilo que hoje sabemos de maneira tão evidente era desconhecido, porque não era objecto de um discurso, não tinha nome, não suscitava perguntas. Nem aos sexólogos nem aos criminólogos.» António Guerreiro, «Ao pé da letra», Expresso-Actual, 20.3.2010. |
2 comentários:
El niño se expresa y vive mediante el cuerpo. Cuerpo, superficie de abarcamientos y conjunciones, cuya presencia entre los hombres es, al igual que el objeto estético, reorganización del campo perceptivo. Y perturbador también, porque invita a la supresión de la distancia entre los cuerpos. Los niños no observan, no dialogan, o no esencialmente: cogen, tocan, se suben, recorren.
Flautistas de Hamelín.
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