Ainda não começámos a pensar
                                               We have yet to start thinking
 Cinema e pensamento | On cinema and thought                                                                              @ André Dias

Clássico ≠ moderno











[caixa de comentários: 
Anónimo disse...

¿?
Miguel Marías

André Dias disse...

A resposta mais sucinta, dada por um amigo meu, seria: "bande à part" :)
Seria fastidioso, embora enobrecedor, elaborar teoricamente como esta intuição simples (que se formou na minha cabeça ao rever recentemente AN AFFAIR TO REMEMBER, imediatamente comparada a estes planos de DALLA NUBE... que há muito me obcecam), poderia ser justificada. Podia dizer que, se não se vê nas imagens, de nada serve explicar. Creio, no entanto, que posso adiantar, sem me comprometer demasiado, que tem que ver com a ideia de um espaço "inclusivo", que acaba por devolver todo o "exterior", por oposição a um que exclui, que deixa de fora ou que "mostra" a exclusão em si, que engole, portanto, deixando buracos à mostra. Neste sentido, o primeiro plano de AN AFFAIR... seria o contraponto clássico dos de DALLA NUBE... 
Que seja abusiva a extensão disto a todo o cinema "clássico" e "moderno", concedo bem. Que não seja novidade, também. Mas que prazer nestas intuições ao ver um filme! :)

Anónimo disse...

Mis interrogantes siguen en pie, dirigidos a mí mismo. Me pregunto, por ejemplo:¿Tienen algo que ver estos dos films, separados en el espacio y en el tiempo, en los respectivos carácteres de sus autores, y esas escenas en concreto? Creo que hay alguna escena de Straub (por ejemplo, en "Nicht versöhnt") que tiene más que ver con esa de "An Affair to Remember". ¿Es (o sería) más interesante (o revelador) lo que los distingue o lo que pueda hacer que haya también entre ellos un cierto parecido, de haberlo?
¿Es tan seguro que el más reciente es moderno y que es "clásico" el más viejo? Yo cada vez lo veo menos claro, ya que las películas que encuentro más "actuales" entre las que veo son más a menudo antiguas (muy antiguas, mudas, incluso de 1912) que recién hechas. Y, al ser a la vez muy antiguas y ser todavía actuales, serían "clásicas" sin proponérselo, o incluso aspirando a lo contrario ("À bout de souffle" o "Pierrot le fou" son hoy tan clásicas como "Le Mépris"). 
Miguel Marías

André Dias disse...

Não sei dizer se os filmes têm algo que ver. Nem estou certo que seja algo que nos deva preocupar. Sei que estas cenas têm algo que as liga, algo que se aproxima mas não se limita ao "formal". Disso estou seguro, embora possa não conseguir exprimi-lo adequadamente. Tratam porventura da própria natureza do diálogo, e fazem-no de formas diferentes, quase opostas. Na primeira cena de AN AFFAIR TO REMEMBER encontramos um diálogo que se procura ocultar em público; correspondentemente, o quadro aparece cortado ao meio, por um elemento do cenário, com as personagem de costas uma para a outra, cada uma do seu lado dessa divisão; o falhanço dessa ocultação é posto em evidência pela inclusão do contra-campo. No fundo, o diálogo que não se pode ter é mostrado duas vezes. A segunda cena é igualmente um diálogo a disfarçar, e novamente a inclusão em plano aberto do espaço que mediava os planos fechados vem exibir esse falhanço circunstancial. Ora, pelo contrário, parece-me que nos planos de DALLA NUBE... as personagens de um diálogo possível são atiradas excentricamente para a margem do quadro que, no entanto, é a que as aproxima; mostra-se assim, talvez, tudo o que fica de fora em cada diálogo. A impossibilidade aqui é intrínseca ao diálogo, e não uma condição externa que urge incluir como conciliação (cómica). Parecem-me, por assim dizer, "visões" diferentes do que é um diálogo. São estas ligações suficientes para satisfazer um "ter que ver"? Não sei :)

Quanto à pantanosa dicotomia - a meu ver útil - entre cinema clássico e moderno, concordo em absoluto que ela não pode corresponder à atribuição de 
actualidade a um ou outro lado da barricada. Simplesmente, serão modos diversos de ser actual, ou melhor, de ser inactual, intempestivo, contra o seu (mais ainda, o nosso) tempo. Aliás, o cinema dito contemporâneo terá certamente a sua própria actualidade, que não corresponderá em modo à do clássico nem à do moderno (que sobrevivem), e cuja singularidade está por encontrar. Não será essa hoje uma das tarefas do crítico?

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4 comentários:

Anónimo disse...

¿?
Miguel Marías

André Dias disse...

A resposta mais sucinta, dada por um amigo meu, seria: "bande à part" :)
Seria fastidioso, embora enobrecedor, elaborar teoricamente como esta intuição simples (que se formou na minha cabeça ao rever recentemente AN AFFAIR TO REMEMBER, imediatamente comparada a estes planos de DALLA NUBE... que há muito me obcecam), poderia ser justificada. Podia dizer que, se não se vê nas imagens, de nada serve explicar. Creio, no entanto, que posso adiantar, sem me comprometer demasiado, que tem que ver com a ideia de um espaço "inclusivo", que acaba por devolver todo o "exterior", por oposição a um que exclui, que deixa de fora ou que "mostra" a exclusão em si, que engole, portanto, deixando buracos à mostra. Neste sentido, o primeiro plano de AN AFFAIR... seria o contraponto clássico dos de DALLA NUBE...
Que seja abusiva a extensão disto a todo o cinema "clássico" e "moderno", concedo bem. Que não seja novidade, também. Mas que prazer nestas intuições ao ver um filme! :)

Anónimo disse...

Mis interrogantes siguen en pie, dirigidos a mí mismo. Me pregunto, por ejemplo:¿Tienen algo que ver estos dos films, separados en el espacio y en el tiempo, en los respectivos carácteres de sus autores, y esas escenas en concreto? Creo que hay alguna escena de Straub (por ejemplo, en "Nicht versöhnt") que tiene más que ver con esa de "An Affair to Remember". ¿Es (o sería) más interesante (o revelador) lo que los distingue o lo que pueda hacer que haya también entre ellos un cierto parecido, de haberlo?
¿Es tan seguro que el más reciente es moderno y que es "clásico" el más viejo? Yo cada vez lo veo menos claro, ya que las películas que encuentro más "actuales" entre las que veo son más a menudo antiguas (muy antiguas, mudas, incluso de 1912) que recién hechas. Y, al ser a la vez muy antiguas y ser todavía actuales, serían "clásicas" sin proponérselo, o incluso aspirando a lo contrario ("À bout de souffle" o "Pierrot le fou" son hoy tan clásicas como "Le Mépris").
Miguel Marías

André Dias disse...

Não sei dizer se os filmes têm algo que ver. Nem estou certo que seja algo que nos deva preocupar. Sei que estas cenas têm algo que as liga, algo que se aproxima mas não se limita ao "formal". Disso estou seguro, embora possa não conseguir exprimi-lo adequadamente. Tratam porventura da própria natureza do diálogo, e fazem-no de formas diferentes, quase opostas. Na primeira cena de AN AFFAIR TO REMEMBER encontramos um diálogo que se procura ocultar em público; correspondentemente, o quadro aparece cortado ao meio, por um elemento do cenário, com as personagem de costas uma para a outra, cada uma do seu lado dessa divisão; o falhanço dessa ocultação é posto em evidência pela inclusão do contra-campo. No fundo, o diálogo que não se pode ter é mostrado duas vezes. A segunda cena é igualmente um diálogo a disfarçar, e novamente a inclusão em plano aberto do espaço que mediava os planos fechados vem exibir esse falhanço circunstancial. Ora, pelo contrário, parece-me que nos planos de DALLA NUBE... as personagens de um diálogo possível são atiradas excentricamente para a margem do quadro que, no entanto, é a que as aproxima; mostra-se assim, talvez, tudo o que fica de fora em cada diálogo. A impossibilidade aqui é intrínseca ao diálogo, e não uma condição externa que urge incluir como conciliação (cómica). Parecem-me, por assim dizer, "visões" diferentes do que é um diálogo. São estas ligações suficientes para satisfazer um "ter que ver"? Não sei :)

Quanto à pantanosa dicotomia - a meu ver útil - entre cinema clássico e moderno, concordo em absoluto que ela não pode corresponder à atribuição de actualidade a um ou outro lado da barricada. Simplesmente, serão modos diversos de ser actual, ou melhor, de ser inactual, intempestivo, contra o seu (mais ainda, o nosso) tempo. Aliás, o cinema dito contemporâneo terá certamente a sua própria actualidade, que não corresponderá em modo à do clássico nem à do moderno (que sobrevivem), e cuja singularidade está por encontrar. Não será essa hoje uma das tarefas do crítico?


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