Ao pé da letra #64 (António Guerreiro) «Os livros portugueses são feitos para a guerra | |
Uma fisiognomonia materialista dos livros produzidos actualmente em Portugal teria de proceder como quem faz a análise das manifestações superficiais de uma época para a tornar inteligível e verificar este detalhe: os livros portugueses são maiores – bem maiores – do que os livros ingleses, franceses, italianos, alemães... Têm menos espessura, mas ocupam uma maior superfície. O segredo desta particularidade (que abdicou das preocupações com a elegância) reside precisamente aí: na faculdade de conquistar espaço, de ter, por meio da pura e simples presença, uma estratégia de ocupação das livrarias e de expulsão dos seus rivais (porque a luta pelo espaço é desesperada e ganhou a feição de uma guerra civil). | O facto económico do fetichismo da mercadoria, que Lukács retraduziu em linguagem filosófica aplicando a categoria da reificação, encontra aqui matéria para uma revisão: Marx, na secção sobre o fetichismo, estava tão fascinado com a alma da mercadoria, com as suas “argúcias teológicas” e “subtilezas metafísicas”, que se esqueceu do que os nossos editores descobriram com júbilo guerreiro: o corpo da mercadoria.» António Guerreiro, «Ao pé da letra», Expresso-Actual, 2.10.2009. |
Ainda não começámos a pensar
We have yet to start thinking
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