«Pouco importa se o Dr. Mabuse está morto e enterrado; o que é preocupante é a vida do seu testamento» e outras reflexões agudas, no seu habitual e enganoso tom menor, sobre o pesadelo contemporâneo. E Augusto M. Seabra prenuncia o nosso aparente bom ano cinematográfico, para além de obstinadamente continuar a analisar outros factos culturais, como as exposições de novos media, Godard... Só mais uma coisa: porque é que o que algumas pessoas escrevem, quando movidas por um sentimento nostálgico, cria imagens, tem consistência? Embora cinefilia e nostalgia não rimem assim tanto... | Ainda a propósito de Godard, uma análise culinária, tão simples quanto verdadeira: «Aos poucos vou pondo ordem nessa dispersão, que é o problema sobretudo dos filmes contemporâneos, uma espécie de dispersão das razões pelas quais os filmes são feitos. A razão esvai-se, ela serve de ponto de partida para o filme mas logo depois dilui-se na própria dispersão, como é feito, para onde olha. É uma espécie de salada russa, mal mexida. Um cineasta como Godard sempre viveu nesse dilema: como por ordem nessa salada e, ao mesmo tempo, mostrar a salada. Dizer: isto é uma salada e vamos tentar por ordem nela. Os filmes do Godard são assim.» Pedro Costa |
Ainda não começámos a pensar
We have yet to start thinking
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