Gotas de sangue na neve
«Perceval viu um voo de gansos selvagens que a neve ofuscara. (...) O falcão encontrou um desses gansos, afastado do bando, e golpeou-o e feriu-o com tanta força que ele caiu por terra. (...) E Perceval vê a seus pés a neve onde o ganso pousou e o sangue derramado. Apoia-se na sua lança para contemplar o aspecto do sangue e da neve juntos. Esta cor fresca lembra-lhe a do rosto da sua amiga. E ao pensar nisto, de tudo mais se esquece, pois era assim mesmo que ele via no rosto da sua amiga, o carmim pousado sobre o branco, como as três gotas de sangue tocando a neve.»
Chrétien de Troyes, Perceval ou le roman du Graal; citado por Deleuze e Guattari em «Année zero - Visagéité» de Mille plateaux, Minuit, Paris, 1980, p. 212; tradução amavelmente revista por C.
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