MNEMÒSINE Non ti sei chiesto perché un attimo, simile a tanti del passato, debba farti d'un tratto felice, felice come un dio? Tu guardavi l'ulivo, l'ulivo sul viottolo che hai percorso ogni giorno per anni, e viene il giorno che il fastidio ti lascia, e tu carezzi il vecchio tronco con lo sguardo, quasi fosse un amico ritrovato e ti dicesse proprio la sola parola che il tuo cuore attendeva. Altre volte è l'occhiata di un passante qualunque. Altre volte la pioggia che insiste da giorni. O lo strido strepitoso di un uccello. O una nube che diresti di aver già veduto. Per un attimo il tempo si ferma, e la cosa banale te la senti nel cuore come se il prima e il dopo non esistessero piú. Non ti sei chiesto il suo perché? Cesare Pavese, «Le Muse», Dialoghi con Leucò (1947) | MNEMÓSINE Não te perguntaste porque é que um instante, semelhante a tantos outros no passado, deve de repente fazer-te feliz, feliz como um deus? Tu fitavas a oliveira, a oliveira na vereda que percorreste todos os dias durante anos, até que chega o dia em que o mal-estar te deixa, e tu acaricias o velho tronco com o olhar, como se fosse quase o amigo reencontrado e te dissesse justamente a única palavra que teu coração esperava. Outras vezes é o olhar de um passante qualquer. Outras vezes a chuva que insiste há dias. Ou o chio estridente de um pássaro. Ou uma nuvem que dirias já ter visto. Por um instante pára o tempo, e aquela coisa banal tu sente-la no coração como se o antes e o depois já não existissem. Não perguntaste o porquê disto tudo? (tradução de José Colaço Barreiros) | MNEMOSYNE Haven’t you wondered why an instant, similar to so many in the past, suddenly makes you happy, happy as a god? You were looking at the olive tree, the olive tree on the path that you take every day for years, and one day your annoyance goes away, and you caress the old trunk with your eyes, as though it were a refound friend who said to you just the one word your heart was waiting for. Other times it’s the glance of some passer-by. Other times the rain which goes for days. Or the sharp cry of a bird. Or a cloud you thought you’d already seen. For an instant time stops, and you feel the banal thing in your heart as though before and after no longer exist. Have you not wondered why? (translated by Tag Gallagher) |
tradução francesa e legendagem de Danièle Huillet Tu ne t'es jamais demandé pourquoi un instant, semblable à tant d'autres du passé doive te rendre d'un coup heureux, heureux comme un dieu? Tu regardais l'olivier, l'olivier sur le sentier que tu as parcouru chaque jour pendant des années et vient le jour où l'ennui te quitte, et tu caresses le vieux tronc du regard, quasi comme s'il était un ami retrouvé et te disait proprement la seule parole que ton coeur attendait. D'autres fois c'est l'oeillade d'un passant quelconque. D'autres fois la pluie qui insiste depuis des jours. Ou le cri bruyant d'un oiseau. Ou un nuage que tu dirais avoir déjà vu. Pour un instant le temps s'arrête et la chose banale tu la sens dans le coeur comme si l'avant et l'après n'existaient plus. Tu ne t'es pas demandé le pourquoi? | legendagem portuguesa Não te perguntaste porque é que um instante, semelhante a tantos outros passados, te tornou de repente feliz feliz como um deus? Olhavas a oliveira, a oliveira na vereda que percorreste todos os dias durante anos e chega o dia em que o tédio te deixa, e acaricias o velho tronco com o olhar, quase como se fosse um amigo reencontrado que te dissesse gentilmente a única palavra que o teu coração esperava. Outras vezes, foi o olhar de um qualquer viandante. Outras, a chuva intermitente durante dias. Ou o grito ruidoso de um pássaro. Ou uma nuvem que dirias já ter visto. Por um instante, o tempo pára e a coisa banal sente-la no coração como se o antes e o depois já não existissem. Não te perguntaste porquê? |
Quei loro incontri (2006) de Straub-Huillet
4ª, dia 23, 21h30 - Fundação Calouste Gulbenkian, Grande Aud.
4ª, dia 23, 21h30 - Fundação Calouste Gulbenkian, Grande Aud.